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domingo, 14 de agosto de 2011
Comunidade Beneficente de São Roque do Paraguaçu: Escola das Águas
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segunda-feira, 8 de agosto de 2011
AGROTOXICOS; O VENENO ESTA NA MESA
O brasileiro come veneno
veja ao final os links para assistir o fime.
O documentarista Silvio Tendler fala sobre seu filme/denúncia contra os rumos do modelo adotado na agricultura brasileira
01/08/2011- Jornal BRASIL DE FATO
Aline Scarso,
da Redação
Silvio Tendler é um especialista emdocumentar a história brasileira. Já o fez apartir de João Goulart, Juscelino Kubitschek,Carlos Mariguela, Milton Santos, Glauber Rocha e outros nomes importantes. Em seu último documentário, Silvio não define nenhum personagemem particular, mas dá o alerta para uma grave questão que atualmente afeta a vida e a saúde dos brasileiros: o envenenamento a partir dos alimentos.
Em O veneno está na mesa, lançado na segunda-feira (25) no Rio de Janeiro, o documentarista mostra que o Brasil está envenenando diariamente sua população a partir do uso abusivo de agrotóxicosnos alimentos. Em um ranking para se envergonhar, o brasileiro é o que mais consome agrotóxico em todo o mundo, sendo 5,2 litros a cada ano por habitante. As consequências, como mostra o documetário, são desastrosas.
Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Silvio Tendler diz que o problema está no modelo de de
senvolvimento brasileiro. E seu filme, que também é um produto da Campanha Permanente Contraos Agrotóxicos e pela Vida, capitaneada por uma dezena de movimentos sociais, nos leva a uma reflexão sobre os rumos desse modelo. Confira.
Brasil de Fato – Você que é um especialista em registrar a história do Brasil, por que resolveu documentar o impacto dos agrotóxicos sobre a agricultura e não um outro tema nacional?
Silvio Tendler – Porque a partir deagora estou querendo discutir o futuro e não mais o passado. Eu tenho todo o respeito pelo passado, adoro os filmes que fiz, adoro minha obra. Aliás, meus filmes não são voltados para o passado, são voltados para uma reflexão que ajuda a construir o presente e, de uma certa forma, o futuro. Mas estou muito preocupado. Na verdade esse filme nasceu de uma conversa minha com [o jornalista eescritor] Eduardo Galeano em Montevidéu [no Uruguai] há uns dois anos atrás, em que discutíamos o mundo, o futuro, a vida. E o Galeano estava muito preocupado porque o Brasil é o país que mais consumia agrotóxico no mundo. O mundo está sendo completamente intoxicado por uma indústria absolutamente desnecessária e gananciosa, cujo único objetivo realmente é ganhar dinheiro. Quer dizer, não tem nenhum sentido para a humanidade que justifique isso que está se fazendo com os seres humanos e a própria terra. A partir daí resolvi trabalhar essa questão. Conversei com o João PedroStédile [coordenador do Movimentodos Trabalhadores Rurais Sem Terra], e ele disse que estavam preocupados comisso também. Por coincidência, surgiu a Campanha permanente contra os Agrotóxicos, movida por muitas entidades, todas absolutamente muito respeitadase respeitáveis. Fizemos a parceria e o filme fi cou pronto. É um filme que vai ter desdobramentos, porque eu agora quero trabalhar essas questões.
Então seus próximos documentários deverão tratar desse tema?
Pra você ter uma ideia, no contrato inicialdesse documentário consta que ele seria feito em 26 minutos, mas é muita coisa pra falar. Então ficou em 50 [minutos]. E as pessoas quando viram o filme, ao invés de me dizerem ‘está muito longo’, disseram ‘está curto, você tem quefalar mais’. Quer dizer, tem que discutir outras questões, e aí eu me entusiasmei com essa ideia e estou querendo discutir temas conexos à destruição do planeta por conta de um modelo de desenvolvimento perverso que está sendo adotado. Uma questão para ser discutida deforma urgente, que é conexa a esse filme, é o agronegócio. É o modelo de desenvolvimento brasileiro. Quer dizer, porque colocar os trabalhadores para fora da terra deles para que vivam de forma absolutamente marginal, provocando o inchaço das cidades e a perda de qualidadede vida para todo mundo, já que no espaço onde moravam cinco, vão morar 15? Por que se plantou no Brasil esse modelo que expulsa as pessoas da terra para concentrar a propriedade rural em poucas mãos, esse modelo de desenvolvimento, todo ele mecanizado, industrializado, desempregando mão de obra para que algumas pessoas tenham um lucro absurdo? E tudo está vinculado à exploração predatória da terra. Por que nós temos que desenvolver o mundo, a terra, o Brasil em função do lucro e não dos direitos do homem e da natureza? Essas são as questões que quero discutir.
Você também mostrou que até mesmo os trabalhadores que não foram expulsos do campo estão morrendo por aplicar em agrotóxicos nas plantações. O impacto na saúde desses agricultores é muito grande...
É mais grave que isso. Na verdade, o cara é obrigado a usar o agrotóxico. Se ele não usar o agrotóxico, ele não recebeo crédito do banco. O banco não financia a agricultura sem agrotóxico. Inclusive tem um camponês que fala isso no filme, o Adonai. Ele conta que no dia em que o inspetor do banco vai à plantação verificar se ele comprou os produtos, se você não tiver as notas da semente transgênica, do herbicida, etc, você é obrigado a devolver o dinheiro. Então não é verdade que se dá ao camponês agricultor o direito de dizer ‘não quero plantar transgênico’, ‘não quero trabalhar com herbicidas’, ‘quero trabalhar com agricultura orgânica, natural’. Porque para o banco, a garantia de que a safra vai vingar não é o trabalho do camponês e a sua relação com a terra, são os produtos químicos que são usados para afastar as pestes, afastar pragas. Esse modelo está completamente errado. O camponês não tem nenhum tipo de crédito alternativo, que dê a ele o direito de fazer um outro tipo de agricultura. E aí você deixa as pessoas morrendo como empregadas do agronegócio, como tem o Vanderlei, que é mostrado no filme. Depois de três anos fazendo a tal da mistura dos agrotóxicos, morreu de uma hepatopatia grave. Tem outra senhora de 32 anos que está ficando totalmente paralítica por conta do trabalho dela com agrotóxico na lavoura do fumo.
A impressão que dá é que os brasileiros estão se envenenandosem saber. Você acha que o fi lmepode contribuir para colocar oassunto em discussão?
Eu acho que a discussão é exatamente essa, a discussão é política. Eu, de uma certa maneira, despolitizei propositadamente o documentário. Eu não queria fazer um discurso em defesa da reforma agrária ou contra o agronegócio para não politizar a questão, para não parecer que, na verdade, a gente não quer comer bem, a gente quer dividir a terra. Esão duas coisas que, apesar de conexas, eu não quis abordar. Eu não quis, digamos assustar a classe média. Eu só estou mostrando os malefícios que o agrotóxico provoca na vida da gente para quea classe média se convença que tem quelutar contra os agrotóxicos, que é uma luta que não é individual, é uma luta coletiva e política. Tem muita gente que parte do princípio ‘ah, então já sei, perto daminha casa tem uma feirinha orgânica eeu vou me virar e comer lá’, porque são pessoas que têm maior poder aquisitivo e poderiam comprar. Mas a questão não é essa. A questão é política porque o agrotóxico está infiltrado no nosso cotidiano, entendeu? Queira você ou não, o agrotóxicochega à sua mesa através do pão, da pizza, do macarrão. O trigo é um trigo transgênico e chega a ser tratado com até oito cargas de pulverizador por ano. Você vai na pizzaria comer uma pizza deliciosa e aquilo ali tem transgênico. O que você está comendo na sua mesa é veneno. Isso independe de você. Hoje nada escapa. Então, ou você vai ser um monge recluso, plantando sua hortinha e sua terrinha, ou se você é uma pessoa que vai ficar exposta a isso e será obrigada a consumir.
Como você avalia o governo Dilma a partir dessa política de isenção fiscal para o uso de agrotóxico no campo brasileiro?
Deixa eu te falar, o governo Dilma está começando agora, não tem nenhum ano, então não dá para responsabilizá-la por essa política. Na verdade esse filme vai servir de alerta para ela também. Muitas das coisas que são ditas no filme, eles [o governo] não têm consciência. Esse filme não é para se vingar de ninguém. É para alertar. Quer dizer, na verdade você mora em Brasília, você está longe do mundo, e alguém diz para você ‘ah, isso é frescura da esquerda, esse problema não existe’, e os relatórios que colocam na sua mesa omitem as pessoas que estão morrendo por lidar diretamente com agrotóxico. [As mortes] vão todas para as vírgulas das estatísticas, entendeu? Acho que está na hora de mostrar que muitas vidas não seriam sacrificadas se a gente partisse para um modelo de agricultura mais humano, mais baseado nos insumos naturais, no manejo da terra, ao invés de intoxicar com veneno os rios, os lagos, os açudes, as pessoas, as crianças que vivemem volta, entendeu? Eu acho que seria ótimo se esse filme chegasse nas mãos da presidenta e ela pudesse tomar consciência desse modelo que nós estamos vivendo e, a partir daí, começasse a mudar as políticas.
No documentário você optou por não falar com as empresas produtoras de agrotóxicos. Essa ideia ficou para um outro documentário?
É porque eu não quis fazer um filme que abrisse uma discussão técnica. Se as empresas reclamarem muito e pedirem para falar, eu ouço. Eu já recebi alguns pedidos e deixei as portas abertas. No Ceará eu filmei um cara que trabalha com gado leiteiro que estava morrendo contaminado por causa de uma empresa vizinha. Eu filmei, a empresa vizinha reclamou e eu deixei a porta aberta, dizendo ‘tudo bem, então vamos trabalharem breve isso num outro filme’. Se as empresas que manipulam e produzemagrotóxico me chamarem para conversar, eu vou. E vou me basear cientificamente na questão porque eles também são craques em enrolar. Querem comprovar que você está comendo veneno e tudo bem (risos). E eu preciso de subsídios para dizer que não, que aquele veneno não é necessário para a minha vida. Nesse primeiro momento, eu quis botar a discussão na mesa. Algumas pessoas já começaram a me assustar, ‘você vai tomar processo’, mas eu estou na vida para viver. Se o cara quiser me processar por um documentário no qualeu falei a verdade, ele processa pois tem o direito. Agora, eu tenho direito como cineasta, de dizer o que eu penso.
Esse filme será lançado somente no Rio ou em outras capitais também?
Eu estou convidado também para ir para Pernambuco em setembro, mas o filme pode acontecer independente de mim. Esse filme está saindo com o selinho de ‘copie e distribua’. Ele não será vendido. A gente vai fazer algumas cópias e distribuir dentro do sentido de multiplicação, no qual as pessoas recebem as cópias, fazem novas e as distribuem. O ideal é que cada entidade, e são mais de 20 bancando a Campanha, consiga distribuir pelo menos mil unidades. De cara você tem 20 mil cópias paraserem distribuídas. E depois nós temos os estudantes, os movimentos sociaise sindicais, os professores. Vai ser uma discussão no Brasil. Temos que levaresse documentário para Brasília, para o Congresso, para a presidenta da República, para o ministro da Agricultura, para o Ibama. Todo mundo tem que veresse filme.
E expectativa é boa então?
Foto: Gabriela Nehring
O FILME "O VENENO ESTÁ NA MESA."
Segue os links do filme "O veneno esta na mesa" do cineasta Silvio Tendler.
Documentário denuncia a problemática causada pelos agrotóxicos, e faz parte de um
conjunto de materiais elaborados pela Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.
http://www.youtube.com/watch?v=WYUn7Q5cpJ8&NR=1 Parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=NdBmSkVHu2s&feature=related Parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=5EBJKZfZSlc&feature=related Parte 3
http://www.youtube.com/watch?v=AdD3VPCXWJA&feature=related Parte 4
Divulguem.
A reprodução e multiplicação é livre. Copiem, multipliquem, distribuam nas escolas, sindicatos, igrejas, etc.
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sábado, 6 de agosto de 2011
VERACEL CELULOSE: A DUPLICAÇAO PROMETE POUCOS EMPREGOS E GRANDE IMPACTO AMBIENTAL E SOCIAL
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VERACEL CELULOSE: A DUPLICAÇAO PROMETE POUCOS EMPREGOS E GRANDE IMPACTO AMBIENTAL E SOCIAL
Por Patricia Grinberg- jornalista
Fotos: Toni Ormundo
Santa Cruz Cabrália, Bahia, 5 de agosto de 2011.-
As audiências públicas sobre a duplicação da fábrica e dos plantios de eucaliptos da corporação Veracel Celulose se realizarão na semana próxima no Extremo Sul e no Sudoeste da Bahia, uma região que caso o projeto for licenciado pelo governo do Estado corre o risco de sofrer um grande impacto ambiental e social em troca de um insignificante aumento dos empregos permanentes da empresa.
O plano apresentado pela empresa propõe a expansão dos plantios de eucaliptos a outros sete municípios, ademais dos dez atuais, onde já existem 100 mil hectares plantadas. Enquanto a produção de celulose, a denominada Veracel II planeja produzir 1.500.000 toneladas por ano, adicionadas ao 1.046.000 toneladas atuais, consolidando-se assim como a maior fabrica de celulose do mundo.
Aumento do preço das terras, diminuição de terras disponíveis para Reforma Agrária e agricultura familiar, aumento do preço dos alimentos básicos, inchaço demográfica pela atração de trabalhadores na fase de construção da nova fabrica (8000 no total) e sobrecarga dos serviços de saúde, saneamento, segurança, educação e transporte, sobrecarga de caminhões nas estradas do entorno da fabrica, duplicação dos efluentes e captação de água no rio Jequitinhonha, descaracterização das regiões cacaueira do litoral sul e agropecuária e leiteira do sudoeste baiano ( Itapetinga ), multiplicação do uso de round up (glifosato) nas novas áreas de cultivo, grande crescimento demográfico e descaracterização dos povoados do entorno da fabrica (Ponto Central, Barrolandia) são alguns dos efeitos sócias da eventual duplicação , segundo dados do próprio Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da empresa, realizado pela consultora CEPEMAR.
Isso tudo, sem considerar os impactos especificamente ambientais de pressão sobre a Mata Atlântica no Extremo Sul da BA, área de maiores remanescentes deste bioma, e cenário da mais rica biodiversidade brasileira e uma das mais significativas do planeta.
Atualmente, a Veracel abrange os municípios de Eunápolis, Canavieiras, Belmonte, Guaratinga, Itabela, Itagimirim, Itapebi, Mascote, Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália. A proposta da empresa, pendente de licenciamento dos órgãos ambientais estaduais e federais, é expandir as plantações a Encruzilhada, Itapetinga, Itarantim, Macarani, Maiquinique, Potiraguá e Santa Luzia.
O município de Santa Luzia não autorizou o plantio de eucaliptos no seu território, e por tanto a empresa propõe dividir entre os municípios restantes o que estava previsto plantar, segundo informaram a esta reportagem fontes da Veracel.
Outra polêmica foi criada pela decisão do INEMA (Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da BA) de organizar audiências publicas somente em quatro municípios. A Prefeitura de Santa Cruz Cabrália, através da sua Secretaria de Meio Ambiente, solicitou que as audiências se realizassem em todos os municípios envolvidos no projeto. O pedido foi encaminhado ao INEMA pelo promotor Marcio, do NUMA /Núcleo da Mata Atlântica) do MP, no dia 2 de agosto passado.
PERGUNTAS SEM RESPOSTA
O órgão que tem a potestade de licenciar ou não a duplicação é o INEMA, que em junho passado organizou nos municípios envolvidos pelo empreendimento a chamada I Oficina Preparatória para a Audiência Publica, comprometendo-se na ocasião a realizar uma segunda oficina previa as audiências.
Duvidas expressadas nessa I Oficina iriam ser esclarecidas na segunda, que nunca se realizou. Por exemplo, perante nossa pergunta sobre a quantidade e concentração do agrotóxico glifosato aplicado pela Veracel nos plantios, o então Diretor de Florestas, Rui Murici, respondeu: “Não viemos preparados para falar em agrotóxicos, sim podemos confirmar que a empresa utiliza glifosato”. Murici se comprometeu a expor, na próxima Oficina, um relatório completo sobre os tipos e quantidades de agrotóxicos utilizados pela Veracel nos plantios de eucaliptos e confirmou que a empresa se automonitora e o IMA fiscaliza. (1)
Outro assunto pendente de esclarecimento é o automonitoramento da empresa das conseqüências dos efluentes da fabrica despejados no rio Jequitinhonha. Também deve esclarecer-se se existe algum monitoramento da água subterrânea, devido a permeação de agrotóxicos e fertilizantes.
O assessor socioambiental da Veracel, Renato Carneiro destacou durante a Oficina que em fevereiro de 2010 o a empresa entregou ao IMA o ultimo Relatório Técnico Ambiental (RTGA), com os resultados do automonitoramento em assuntos como a água do rio Jequitinhonha, , A empresa capta 29 metros cúbicos de água por tonelada de celulose produzida, quer dizer uns 29 milhões de metros cúbicos por ano; depois de um processo de tratamento, 90 por cento dessa água retorna ao rio, sendo que desde a inauguração da fabrica (2005) nem o IMA nem a Agencia Nacional das Águas (ANA) informaram a sociedade sobre as conseqüências ou não dos resíduos invisíveis de dióxido de Cloro jogados no rio Jequitinhonha.
No encontro, o coordenador regional do Instituto Chico Mendes (ICMBIO), Leonardo Brasil, expressou sua preocupação pelo perigo de plantar eucaliptos em áreas de vegetação nativa e restinga. “Me preocupa que a apresentação da empresa tenha marcado áreas de vegetação rupestre como agricultáveis”, destacou o representante do órgão federal.
OS IMPACTOS DA DUPLICAÇAO
Segundo o RIMA, após o inicio da operação da fabrica (em um período previsto de quatro anos a partir do começo das obras) a Veracel promete gerar um total de 2.880 empregos na região, mas não especifica quais serão diretos e quais terceirizados.
Para as operações industriais só serão criados 250 empregos novos, mais 30 empregos em atividades administrativas.
Atualmente a Veracel oferece 741 empregos diretos.
O próprio RIMA sinaliza que a empresa Calçados Azaléia, implantada em Itapetinga, gera em forma direta e indireta em torno de 15 mil empregos. (pag. 102, 1º parágrafo; pag. 104, 3º parágrafo do Relatorio).
Em Santa Cruz Cabrália os empregos gerados pela Veracel são 45, representando um 1,5 % do total de empregos do município (fonte: Ministério do Trabalho ( pag. 114 do RIMA)
O Pólo Empresarial a ser instalado em Santa Cruz Cabrália, com pequenas indústrias de baixo impacto ambiental, prevê a criação de aproximadamente 2000 empregos, segundo informação da Prefeitura Municipal.
Enquanto ao sistema de saúde, a situação atual “deve se agravar com o aumento da procura por serviços de saúde decorrente do afluxo de pessoas em busca de trabalho” (pag. 85, 2º parágrafo).
ORGANOCLORADOS NO RIO JEQUITINHONHA
A tecnologia adotada para a Veracel II continuará sendo a ECF (Elementar Chlorine Free), que reduz a geração de organoclorados ao respeito das tecnologias mais antigas, porem continua gerando esses compostos de cloro ligados a matéria orgânica cujos efeitos sobre os cursos de água (rio Jequitinhonha), recifes de coral e os seres vivos ainda estão sendo pesquisados pelos cientistas independentes. Existe uma tecnologia mais amigável com o meio ambiente, a TCF (Totally Chlorine Free) livre de cloro que usa peróxido de oxigênio para o branqueamento.
É importante destacar que os monitoramentos da zona do rio onde são jogados os efluentes, e dos possíveis efeitos sobre os recifes de corais, são contratados pela própria empresa e por tanto carecem de independência. Os compostos de cloro são transparentes e não influenciam na cor dos efluentes.
Com a duplicação, aumentará o tráfego de caminhões com matéria prima, produtos químicos e celulose, e de ônibus na área de entorno da fabrica.
MAIOR LATIFUNDIZAÇAO VS REFORMA AGRARIA
A Veracel investira 592 milhões de reais em aquisição de novas terras na região (pag. 116), o qual produzirá aumento considerável nos preços, pois perante uma oferta estável a demanda subirá exponencialmente.
O relatório assume que mais 200.000 hectares de terra poderão ser adquiridos. Isso aumentaria o problema da concentração fundiária que não foi discutido nem na primeira etapa nem no RIMA da duplicação. Ainda não foi discutido o acumulo de terras em mãos de uma corporação transnacional, mesmo existindo projetos de lei que propõem limitar a quantidade de terras de propriedade de estrangeiros no Brasil, como aconteceu na Bolívia.
Segundo dados da Fundação Getulio Vargas, após 1995, na BA comparativamente aos aumentos aferidos pelo Índice Geral de Preços, os preços das terras apresentaram importantes acréscimos (49,6%).
A substituição de parte de terras agricultáveis por eucaliptos produzirá diminuição da oferta de alimentos, com aumento da demanda ( inchação demográfica) e, portanto aumento do preço dos alimentos básicos e êxodo do campo para as periferias urbanas.
ZONEAMENTO ECONÔMICO ECOLÓGICO
Segundo consta no Termino de Referencia do CEPRAM, O EIA-RIMA teria que considerar o Zoneamento Econômico Ecológico do Extremo Sul da BA, que esta em fase de diagnostico no Estado, e que regulara uso e ocupação da terra com critérios de sustentabilidade e respeito ao patrimônio ambiental e sociocultural da região. O próprio EIA –RIMA deveria estar embasado no ZEE: mais um descumprimento da Veracel e omissão do Estado caso a licença seja outorgada nestas condições.
Cabe perguntar-se se assuntos de tanta complexidade poderão ser esclarecidos nas audiências publicas, sem preparação previa para a sociedade, sem mencionar que a corporação vai levar, como fez em anteriores audiências, grupos sociais pressionados pelas suas necessidades para testemunhar a favor da empresa.
Seu Pedro, um pequeno agricultor de Vale Verde (Porto Seguro), relatou durante a Oficina que nem por todo o ouro do mundo venderia as suas terras à empresa nem entraria no programa de fomento para plantar eucaliptos, pois apesar de todas as dificuldades, está feliz com a sua roça e sua vida rural e não quer ir morar na cidade. Foi o orador mais aclamado pelo publico.
(1) O professor e pesquisador argentino Andrés Carrasco, da Universidade de Buenos Aires, ganhou notoriedade internacional quando, em abril de 2009, divulgou resultados de suas pesquisas indicando que o glifosato, princípio ativo do herbicida (mata-mato) Roundup, da Monsanto, está associado a malformações de embriões de anfíbios. Mas avanços importantes sobre o tema também se passaram na Argentina depois da divulgação dos estudos de Carrasco. Em março deste ano justiça de Santa Fé proibiu a utilização do glifosato nas proximidades de zonas urbanas. Os juízes também marcaram jurisprudência ao invocar o Princípio da Precaução e foram inovadores ao valorizar os testemunhos dos afetados pelas intoxicações e contaminações. A sentença ordenou ainda que o governo estadual realizasse estudos junto à Universidade Nacional do Litoral (UNL) para avaliar os danos dos agrotóxicos à saúde e ao meio ambiente.
A pesquisa publicada na revista Chemical Reaserch Tecnology é de uma equipe de investigadores argentinos, brasileiros, ingleses e norteamericanos, liderada pelo cientista Andrés Carrasco, chefe de Embriologia Molecular da Universidade Nacional de Buenos Aires. “Concentrações ínfimas de glifosato, bem menores que as utilizadas na agricultura, são capazes de produzir efeitos negativos na morfologia do embrião, sugerindo a possibilidade de que estejam interferindo nos mecanismos normais do desenvolvimento embrionário”, sinaliza o informe. “Nossos experimentos demonstram que o glifosato é capaz de produzir malformações”. CARRASCO DENUNCIOU QUE AS MALFORMAÇÕES EM ANIMAIS “SÃO COMPATÍVEIS COM AS DE HUMANOS EXPOSTOS AO GLIFOSATO DURANTE A GRAVIDEZ”.
Fonte:www.ecotrilhasantoandrebahia.blogspot.com www.globalresearch.ca.com