segunda-feira, 19 de julho de 2010

NANA, A PROTETORA DO MANGUEZAL

Um dia no mangue
Eu vou te contar
Ouvi um assobio
Era de Nana
A nossa negona
Guarda o manguezal
Ela é verdadeira
Como amanhecer
Ela pode te encontrar
Ela pode te perder
Mulher marisqueira
Irmã de Nana
É a companheira
Do seu manguezal
Mulher marisqueira não teve
Salão
As suas unhas curtas
Limpa de facão
Pés negros de lama
Gosto das caricias
Das tuas mãos ásperas
Mãos que semeiam
Sementes de amor
Nesta lama preta
Berçário do mar
Mulher marisqueira
Deves vigiar
Fica bem atenta
Podem te expulsar
Tem gente querendo
Perseguir Naná
Aterrar sua lama
Seus bichos matar
Para suas mansões
Poder levantar
No meio de este
Nosso manguezal
Mulher marisqueira
Deves vigiar
A trilha que segues
Eles vão fechar
Com muros, arames,








Cachorros, alarmes
Querem impedir
Que teus passos meigos
Cheguem até mim
Lixo e agrotóxicos
Vão aqui jogar
Criar camarão e beijupirá
Tanta e tanta vida
Deixaras matar?
Ostras, caranguejos,
Sururu, siris
O supermercado
Dos pobres ta aqui
Temos que cuidar
Temos que zelar
Aquilo que é nosso
Quem pode tirar?
O que Deus criou
Quem vai descriar?
Mulher marisqueira
Você e tuas crianças
Você pescador
São nossa esperança
Para tanta dor
O outeiro tomaram
A praia cercaram
E os tubarões
Infestam o mar
Vamos a deixar-lhes
Nosso manguezal?
Temos que cuidar
Temos que zelar
Aquilo que é nosso
Quem pode tirar?
O que Deus criou
Quem vai descriar?
Que viva Naná !

Patricia Grinberg (jornalista)
Santa Cruz Cabralia - 29-06-08

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